Desde os eventos de 11 de
Setembro de 2001, onde foram lançados diversos ataques as torres gémeas de Nova
York e ao Pentágono em Washington, os Estados Unidos parecem ter entrado em uma
nova era que perpetua a necessidade de manter suas transmissões de rádio
internacionais para realizar propagando de suas políticas, valores e cultura ao
resto do mundo. E sua contrapartida actual, aliás, suas diversas contrapartidas
como Cuba e agora a Rússia, também reavaliam o papel da rádio difusão
internacional com base nos novos arranjos geopolíticos actuais.
Enquanto o fenómeno global
da rádio difusão comercial internacional tem uma longa e rica história que
remonta desde 1915, nos dias de hoje continuam a ter um papel determinante na
estratégia de comunicações usadas por mais de 100 países em diversas regiões ao
redor do mundo.
Poderemos verificar de forma
resumida uma cronologia da historia da rádio difusão internacional como uso
estratégico de comunicações utilizados por diversos países até a Segunda Guerra
Mundial e depois no período compreendido como Guerra Fria.
Existem diversas fontes que
descrevem de formas não conclusivas o início das transmissões internacionais.
Algumas fontes sugerem que a Alemanha pode ter sido o primeiro país a usar
transmissões de radio internacional nos idos de 1915, quando estabeleceu então
um serviço regular de noticias que foi aceito e usado por múltiplos países
neutros na região. Adicionalmente, pesquisadores também apontam o uso inicial de
transmissões internacionais de rádio datas de 1917 em seu esforço para "explicar
os fatos atrás da revolução" ao resto do mundo. Entretanto, em todas estas
pesquisas, as emissões originais eram em Código Morse que eram compreendidos
apenas por relativamente poucos.
Estes pesquisadores
ressaltam que a visão de Vladimir Lenin que o rádio tinha o potencial para
não apenas alcançar a audiência doméstica na Rússia, mas também para atingir
vastas possibilidades internacionais e valor "revolucionário". Lenin alertou seu
sucessor Joseph Stalin para ampliar a pesquisa sobre o rádio quando ele escreveu
: "Eu penso que sob o ponto de vista da propaganda e agitação, especialmente
para aqueles que são iletrados, que é absolutamente necessário para nós levar
este plano adiante".
Os Russos foram os primeiros
a estabelecer um sistema de rádio difusão internacional patrocinado pelo
governo, de forma continua e extensiva, o qual se revelou de tal forma como um
sistema de longo alcance onde foi desenvolvido como um meio de obter
significativos ganhos políticos e econômicos.
Alguns historiadores apontam
o ano de 1927 como o marco do nascimento da propaganda. A Grã Bretanha se uniu a
Rússia e Alemanha, quando também descobriu o uso das ondas de rádio como "o
perfeito meio de comunicação com suas colônias e possessões nos hemisférios
ocidentais e orientais do mundo.
Nos anos que se seguiram, a
Holanda também iniciou transmissões regulares em holandês para as Índias
Orientais, enquanto a França iniciou emissões para suas colônias. Por volta de
1932, a BBC - British Broadcasting Corporation - e os serviços em holandês para
as colônias se desenvolveram em organizações de rádio difusão internacional
contemporâneos de grande porte.
Já nos Estados Unidos, foram
as companhias comerciais que perseguiram o objectivo de ampliar o alcance das
transmissões de rádio. A emissora KDKA de Pittsburgh, na Pensilvânia, foi a
primeira estação de rádio a transmitir programas de entretenimento, a primeira a
transmitir noticias ao público e a primeira a obter licença para tal.
As companhias americanas
tais como a Westinghouse e General Eletric montaram estações de rádio
primordialmente para promover seus produtos aos consumidores. Estas empresas
foram logo seguidas por um grande número de estações de rádio difusão doméstica
tais como a NBC - National Broadcasting Corporation - e CBS - Colúmbia Broadcast
System - enquanto o o governo dos EUA se colocou à parte de qualquer
envolvimento com a rádio difusão internacional.
O historiador Wood (1992)
aponta uma dramática mudança na história da rádio difusão internacional que
ocorreu em Outubro de 1935. Edward R. Murrow, um jornalista e locutor de
notícias da CBS, tentou cobrir um debate de dois segmentos entre a Grã Bretanha
e Itália relativo a invasão da Etiópia por Benito Mussolini, uma região de
investida de fortes interesses. Na primeira noite, a CBS transmitiu com sucesso
a perspectiva Britânica através do Oceano Atlântico através dos transmissores em
ondas curtas, durante as quais, propuseram sanções contra os italianos.
Entretanto, a noite seguinte
justo quando a delegação italiana iria ao ar na América, Murrow foi informado
que a comunicação de ondas curtas através de Londres, controlada então pelo
British Post Office - Serviço de Correios Britânico - teve negada a permissão
para a transmissão e desconectou o circuito. Isto levou a seguinte manchete, "51
nações votaram por sanções contra a Itália, os Italianos cortaram as
transmissões dos Britânicos".
As transmissões de rádio
difusão internacional se transformaram assim em armas de efeito considerável em
influenciar as mentes dos ouvintes.
Quando Adolf Hitler se
tornou Chanceler do Governo Nacional Socialista da Alemanha, ele abraçou o uso
da rádio difusão como o instrumento chefe de propaganda política e reorganizou a
estrutura de emissões até então domésticas para incluir emissões internacionais.
Nos fins de 1935, a Alemanha havia transmitido programas regulares para a Ásia,
África, América do Sul e América do Norte, em alemão, inglês, espanhol,
português e holandês.
A seguinte mensagem foi
transmitida em 30 de Outubro de 1917 (12 de Novembro no novo calendário )
através do serviço de telégrafo sem fio com a intenção de alcançar potenciais
revolucionários na Europa, assim como os existentes na Rússia de então. Também,
as mensagens revolucionárias soviéticas foram as primeira a serem gravadas na
história da propaganda sem fio.
"O Congresso dos Sovietes
Russos formou um novo Governo Soviético. O Governo de Kerensky foi banido e
posto em prisão. O próprio Kerensky escapo. Todas as instituições oficiais estão
nas mãos do Governo Soviético...".
Vladimir Lenin, o líder do
Partido Comunista naquele período vislumbrou a transmissão de rádio como um
método de controle das massas, um prático e mais efectivo meio de comunicação com
as pessoas da Rússia, assim como de países estrangeiros. O significado do rádio
foi ampliado pelo enorme tamanho da nova federação, pelas condições ruins das
estradas, altos níveis de letrados, e pela diversidade de nacionalidades no
país. Por causa da extrema importância das comunicações de massa, as estações de
rádio foram os primeiros alvos da revolução de 1917.
Em 1917 a voz no rádio ainda
não estava disponível, logo as emissões de rádio tinham a limitação de não ter contacto directo com o público. O esquema de comunicações naquele período
funcionava como a seguir:
1 - a estação de rádio
emitia sinais em código Morse
2 - Então, uma estação de recepção recebia e registava o sinal
3 - Finalmente, a estação de recepção distribuía a mensagem aos jornais, os quais a publicavam para leitura
2 - Então, uma estação de recepção recebia e registava o sinal
3 - Finalmente, a estação de recepção distribuía a mensagem aos jornais, os quais a publicavam para leitura
Desde os primeiros dias da
revolução, o governo soviético estava gastando grandes somas de dinheiro no
desenvolvimento do rádio. Um número de laboratórios foram construídos para
aprimorar as técnicas de transmissão e recepção, e em torno de 1920, um grupo de
cientistas soviéticos conseguiram transferir voz humana através das ondas de
rádio.
Em 1921, usando a nova
tecnologia, uma potente estação de rádio foi montada para transmitir diariamente
durante algumas poucas horas. O novo programa era chamado "O Jornal Falado da
Agencia de Telégrafos Russa", e apresentava principalmente notícias e material
de propaganda.
Devido ao fato dos
receptores de rádio ainda serem muito caros e indisponíveis para uso particular,
conjuntos de alto falantes foram instalados em lugares públicos de forma a
tornar acessível o jornal falado a um número grande de pessoas. Lenin expressou
sua visão a respeito destas transmissões de rádio com a seguinte declaração:
"Cada vila deveria ter um
rádio! Todo escritório do governo, assim como cada clube ou fábrica deveria ter
ciência de que em certa hora eles irão ouvir notícias políticas e os maiores
eventos do dia. Desta forma nosso país irá liderar a vida da mais alta
consciência política, constantemente sabendo das acções do governo e pontos de
vista da população".
Conforme aumentou o uso do
rádio, o governo fez o melhor para garantir a autoridade sobre o desenvolvimento
do rádio no país. Em 1918 o controle dos recursos do rádio foi transferido para
o Comissionario do Povo para Correios e Telégrafos. Como resultado de tal
controle centralizado, a rádio difusão estava muito avançada na União Soviética
no século dezanove. Como exemplo, em 1922 Moscou tinha a mais potente estação de
rádio difusão do mundo a RV-1, e em 1925 a primeira estação de rádio de ondas
curtas iniciou as operações na capital Rússia.
Alguns pesquisadores
declaram que muito da actual rádio difusão internacional deriva do que se formou
durante a Segunda Guerra.
Preocupado com o sucesso da
propaganda Alemão, o governo dos EUA sob a administração de Roosevelt começou a
olhar a rádio difusão internacional em 1940. Quando os japoneses bombardearam
Pearl Harbor em 7 de Dezembro de 1941, os EUA entraram na Segunda Guerra
claramente marcando o deslocamento do uso comercial do meio de comunicação da
rádio, até então apenas como forma de fazer dinheiro, para a decisão do
Departamento de Estado de iniciar fortemente transmissões de voz internacionais
através das ondas de rádio.
Mesmo tendo sido atrasado
por diversas razões políticas e forte oposição da industria do rádio comercial e
do público em geral, os EUA foram a última potência mundial a participar na
rádio difusão internacional. Em 1942, o Escritório da Informação de Guerra foi
estabelecido e responsabilizado por diversas atribuições na montagem da divisão
de rádio difusão.
Segundo historiadores
americanos, ao contrário da técnica de propaganda Alemãs de falsidade e terror,
as emissões internacionais foram fundadas em informações confiáveis e sobre um
"plano moral mais elevado que a guerra psicológica no rádio que estava em curso
na Europa". A política foi estabelecida desde as primeiras palavras irradiadas
inicialmente : Este é uma voz falando para você desde a América e nós iremos
falar para você sobre a América e a guerra e as noticias podem ser boas ou ruins
e nós iremos contar a você a verdade". (VOA -
Voice of
America - Information Book).
Enquanto em teoria esta nova
política de "verdade somente" era novidade até então, na realidade era difícil
aderir a isto durante os ataques iniciais da guerra; entretanto as emissões dos
EUA ganharam credibilidade quando a "Voz da América" - o nome oficial da
emissora que foi desenvolvido a partir da abertura das transmissões - começou a
reportar as vitórias dos aliados.
Durante o curso da guerra, a
VOA teve que se adaptar aos desafios psicológicos apresentados pela emissões dos
inimigos. Em particular, as emissões japonesas especificamente dirigidas aos
soldados americanos através das transmissões de "conflito no rádio, actuando
primariamente para dividir a América de seus aliados na Ásia e Pacífico, para
estimular o desgaste quanto a guerra, a nostalgia, e uma visão pessimista da
guerra".
Os japoneses
inteligentemente transmitiram "alta qualidade, entretenimento gravado por bandas
americanas famosas, introduziram vozes femininas carregadas de sensualismo" como
seu objetivo primário de de fazer como que o soldado americano mediano "se
sentisse cansado da guerra e da matança". Como resultado, "milhares de
combatentes se apaixonaram por uma voz (uma inclusive popularmente identificada
como Rosa de Tókio) da qual criaram em suas mentes - uma imagem de suas amadas.
O seguinte extracto é de uma destas transmissões : Como você gostaria de ira a
drogaria da esquina esta noite, e comprar um sorvete de soda? Eu tenho
curiosidade em saber com quem suas esposas e namoradas estão saindo esta noite.
Talvez com um trabalhador da industria de guerra fazendo muito dinheiro enquanto
você está aí fora lutando e sabendo que não terá sucesso".
Como resposta, o Escritório
de Informação de Guerra americano "solicitou auxílio aos relações públicas da
indústria e Hollywood", alistando celebridades e iniciou a transmitir
entretenimento de primeira linha para as Ilhas do Pacífico assim como para
outros teatros de guerra no Oriente Médio e Europa.
Durante a guerra, a VOA
cresceu exponencialmente, empregando mais de 3000 pessoas e transmitindo mais de
165 horas por dia em mais de 40 idiomas - "sem dúvida alguma, a rádio difusão
internacional se estabeleceu como u braço das operações de guerra americanas". A
chegada da VOA marcou o inicio da era na qual o governo dos EUA iria empregar a
rádio difusão internacional de forma continua, até os presentes dias.
O BBC World Service foi
fundado em 1932 como o Serviço do Império por uma iniciativa de John Reith, o
primeiro director geral da BBC. No principio era emitido em ondas curtas a partir
de Daventry localizado nas Midlands, e apenas em inglês. A aproximação da
Segunda Guerra em 1939 trouxe muitas mudanças. Para contra-balancear a propaganda
levada ao ar através do rádio pela Alemanha e Itália, o governo britânico
solicitou a BBC a oferta de serviços em árabe e espanhol, e concordou em pagar
os custos adicionais requeridos.
Desde o inicio, a
aproximação às noticias nos serviços além mar eram para anunciar os fatos, mesmo
que a primeira vista se parecessem prejudiciais aos interesses britânicos ou não
palatáveis as nações recipientes. Conforme a rádio difusão em idiomas
estrangeiros foi crescendo (Frances, alemão e italiano se iniciaram em Setembro
de 1938; outros idiomas seguiram em breve), esta política foi central em
estabelecer a reputação da BBC de ter a maior credibilidade como emissora
internacional. Transmissões em vernacular a outras partes do mundo foram
adicionadas, e próximo ao fim da guerra a BBC era de longe a maior das emissoras
de rádio difusão do mundo. O governo então reviu o futuro papel e propósito do
World Service (ou o BBC External Service como era então chamado) e dentro de um
papel político em 1946 o governo concluiu que "dentro do interesse nacional e de
forma a manter a influencia britânica e prestigio ao seu redor, é essencial que
o serviço continue".
Entretanto, este apoio não
foi lastreado com fundos suficientes, resultando em cortes orçamentário extensivos nos fins de 1940 e em 1950. Mesmo existindo acréscimo em emissões
para a União Soviética e o Leste Europeu durante a Guerra Fria, as reduções à
sua volta significaram que pelos idos de 1960 a BBC havia perdido a sua posição
de maior emissora de rádio difusão internacional, sobreposta assim pela União
Soviética, China, Estados Unidos e Egipto.
Este período presenciou o
inicio da revolução do transístor e o alastramento de receptores de radio
capazes de sintonizar emissões em ondas curtas. Também foi o início do processo
de descolonização e de emergência de novas nações, terminando diversos
acordos antigos para ré-transmissão de programas da BBC, mas sempre produzindo
condições para novas oportunidades. O World Service se adequou as mudanças com
novas iniciativas de programas, tais como a criação de serviços em Inglês
próximo a hora cheia com grande ênfase em noticias, e com maior foco nas
necessidades das pessoas nos países em desenvolvimento, particularmente África e
Ásia. O governo proveu os meios para substituir transmissores antigos e
construiu novas estações retransmissoras ao redor do mundo. Enquanto o período
compreendido entre 1970 e 1980 se provou financeiramente instável, subsequentemente diminuiu o capital de investimento e algum dinheiro adicional
foi provido por aprimoramento das programações.
O final da Guerra Fria
produziu uma série de tributos a BBC e outras emissoras internacionais por seu
papel durante a guerra. Não apenas novos lideres - tais como Lech Walesa da
Polônia e Vaclav Havel da Tchecoslováquia - expressaram agradecimentos, mas
também, milhares de ouvintes ao longo do mundo.
O colapso da potência
soviética também trouxe rearranjo das emissoras internacionais e aos governos
que as financiam. Para o BBC World Service isto não foi tão fundamental quanto a
outros. Pois este nunca foi visto como forma de propagando ou uma estação de
persuasão e sempre direccionou seus programas a países amigos assim como a
potenciais adversários. Seu objectivo primordial foi em prover informação acurada
e embalsada, reflectindo diferentes pontos de vista, e permitir os ouvintes
formarem suas próprias opiniões.
Depois da guerra, o governo
americano debateu se iria continuar com as emissões internacionais de rádio.
Como resultado, as emissões da VOA foram severamente limitadas e por
aproximadamente nove anos, o destino da VOA permaneceu ignorado.
Um argumento chave a favor
da manutenção das operações das organizações de rádio ao redor do mundo foi
apresentado sobre uma perspectiva técnica. Se terminadas, seria difícil
restaurar as facilidades dos parques transmissores e as designações das bandas e frequências de rádio se fosse necessárias reavê-las posteriormente. Mas o factor
preponderante em sustentar a VOA, apontava para diversos passos do governo
comunismo da União Soviética o qual "tornou cada vez mais claro que não
compartilhava a visão americana da colaboração pós-guerra". Estes passos
incluíram o estabelecimento por Moscou da Agência de Informação Comunista no
Leste Europeu, o qual declarou seu propósito como sendo "unir os estados
comunistas em um futuro esforço contra o Imperialismo Anglo-Americano".
Rádio Central de Moscou da União Soviética
Em Fevereiro de 1947, a VOA
começou sua primeira, ainda que limitada, emissão para a União Soviética. Nesta
época estava claro que o comunismo e o capitalismo estavam em directo confronto.
Em 1948, o plano Marshal do presidente Harry Truman, o qual oferecia ajuda a
qualquer país que desejasse renunciar ao comunismo, marcou a primeira fase da
Guerra Fria. No mesmo ano, o congresso americano aprovou uma lei que incentivou
o papel permanente da VOA nas actividades de informação do Departamento de
Estado.
Como as tensões entre a
União Soviética e o Ocidente continuaram, uma combinação de eventos políticos,
incluindo o cerco a Berlim e a tomada de poder dos comunistas na
Tchecoslováquia, habilitaram ao governo americano a ampliar os esforços de
emissões de rádio.
Em 1950, a Radio Free Europe
(RFE) emergiu em Munique, Alemanha, e iniciou suas transmissões para os países
do Leste Europeu, como a Polónia, Roménia, Bulgária, Hungria, Albânia e
Tchecoslováquia. Diferente da VOA, o Departamento de Estado dos EUA não queria
que o governo estivesse "explicitamente identificado com esta iniciativa,
entretanto, a administração decidiu ter a CIA - Central Intelligence Agency -
como provedora dos fundos secretos e controle político". No ano seguinte, um
esforço similar nomeado Radio Liberation, depois abreviado para Radio Liberty (RL),
foi lançado para transmitir programas de rádio para a União Soviética.
http://www.rferl.org/
Um dos atributos chave para
o sucesso da RFE e RL foi a colaboração entre os americanos encarregados da
programação e os emigrantes estrangeiros que deixaram os países controlados
pelos comunistas. Ambas estações empregaram as habilidades de um grande numero
destes emigrantes como comentaristas e debates, utilizando seus conhecimentos em
história, artes e religião. Desde o começo de sua existência, a RFE e RL estavam
na linha da Guerra Fria e foram consideradas elementos chave na divulgação da
contra ofensiva que agrupou todas as fontes disponíveis.
Enquanto isso, a VOA ganhou
força e o apoio do governo americano. Em Julho de 1950, a Comissão Consultiva
sobre Informações dos EUA declarou em seu relatório ao presidente Truman e o
Congresso que, "o esforço de propaganda da União Soviética, agora no limite de
um conflito psicológica aberto, é uma grande ameaça aos objectivos da política
externa dos EUA e uma ofensiva psicológica pelos EUA baseado na verdade é
essencial para os EUA para alcançar o sucesso.
Como resultado, o orçamento
da VOA dobrou e foi nomeado Foy Kohler, um oficial do Serviço Estrangeiro com
quase 20 anos de experiência e a reputação de um dos maiores conhecedores sobre
a União Soviética. No fim de 1950, o seguinte extrato de um pronunciamento de
Kohler resumiu os objectivos da VOA:
"A tentativa da propaganda
soviética para convencer o mundo que os EUA são fomentadores de guerra, uma
nação sedenta por poder, determinada a dominar todas as outras nações, alcançou
um ponto onde pode ser apenas descrito como um conflito psicológico agressivo e
uma ameaça maior aos objectivos da política externa dos EUA e o papel da VOA
neste esforço é u importante por causa da habilidade do rádio de superar as
barreiras feitas pelo homem de censura e repressão, e falar directamente as
pessoas."
Sob a direcção do presidente
americano Dwight Eisenhower, todas as actividades de informações incluindo as
emissões internacionais foram transferidas do Departamento de Estado para a
recém formada Agência de Informação. Como parte deste deslocamento, as fontes de
rádio difusão se tornaram mais escassas e os orçamento cresceram menos, tudo em
nome de aprimorar a eficiência.
Também foi durante este
período que os militares americanos enfrentaram pela primeira vez as forças
comunistas no conflito da Coreia. Entretanto, segundo o historiador Wood
(1992)descreveu, "na Guerra Fria existiram papeis reversos: a potencia dos
transmissores de rádio se tornaram a maior arma de guerra, e as armas reais
foram colocadas ao lado". Cada lado evitou atacar alvos que pudessem levar a
escalada da guerra. Adicionalmente, ambos os lados limitaram as armas utilizadas
e o território nos quais poderiam lutar. Entretanto, a Coreia do Sul e as tropas
americana mesmo assim sofreram mais de 580.000 perdas de vidas, enquanto a Coreia do Norte e as tropas chinesas perderam mais de 1.5 milhões.
Alguns anos mais tarde,
conflitos aconteceram no Leste Europeu os quais podem ter sido resultado dos
exagerados tons de optimismo e entusiastas da Radio Free Europe sobre uma
eventual brisa de ar de mudanças. Em Fevereiro de 1956, Nikita Khruschev, o novo
líder da União Soviética, fez um discurso ao Congresso do Partido Comunista onde
denunciou muitas das ideologias de Stalin. RFE e RL retransmitiram o discursos
ao Leste Europeu o qual levou directamente a levantes na Polónia e Hungria. Estas
revoltas demandaram o término de medidas de repressão formalmente utilizadas por
Stalin.
Os pólos de forma bem
sucedida evitaram o conflito militar direto, porém, as ruas de Budapeste foram
tomadas por mais de 200.000 tropas soviéticas e 2.500 tanques os quais
resultaram na morte e detenção de milhares de húngaros.
Quando John Kennedy se
tornou presidente, ele contratou Edward Murrow como o novo director da Agência de
Informações. Murrow, amplamente conhecido por sua precisão e forte habilidades
em comunicação, não apenas elevou a rádio difusão internacional à alta
prioridade na política externa dos EUA, mas também se concentrou na persuasão e
na formação de opinião pública estrangeira para influenciar outras nações.
Durante a rápida passagem de
Kennedy pela Casa Branca, a VOA, RFE e RL cada uma recebeu apoio financeiro
adicional a ampliaram a abrangência de suas responsabilidades. Foi a influencia
de Murrow que levou a expansão dos objectivos da Radio Free Europe.
"Para persuadir sua
audiência que o sistema comunista o qual os regulava não está imune a mudanças,
que sua prometida vitória mundial não acontecerá, ao contrário, eles como
indivíduos, tem uma parte vital e pacifica a executar para acelerar a derrota do
movimento comunista mundial".
No inicio de 1960, com a
ascensão do líder de Cuba Fidel Castro trouxe o "comunismo" a um passo da
América. Como resposta, Kennedy aumentou enormemente as transmissões de rádio em
espanhol da VOA para conter o sentimento anti-americano. Entretanto em 1961, a
invasão fracassada da Baía dos Porcos não apenas foi uma derrota humilhante da
política externa dos EUA, mas também causou danos a credibilidade da VOA e Radio
Swan, uma emissora clandestina financiada pela CIA cujo propósito era
desacreditar o governo de Fidel Castro.
Um ano depois, a Crise dos
Mísseis Cubanos mais uma vez colocou os EUA contra a União Soviética. A
administração Kennedy alertou a VOA para direccionar uma rede de estações
comerciais em AM para inundar as ondas de rádio de Cuba. Adicionalmente, a VOA
com a ajuda da RFE, tornou a posição dos EUA claramente conhecidas através do
mundo.
Pronunciamento do Presidente Kennedy declarando o bloqueio naval à Cuba
Depois do término da crise,
os EUA e a União Soviética assinaram um tratado limitando o teste de armas
nucleares, estabeleceram um diálogo entre a Casa Branca e o Kremlin, e
estenderam acordos de trocas culturais, educacionais e científicas.
Aparentemente as tensões da Guerra Fria estavam de alguma forma se esvaecendo.
Entretanto, ainda não era o
caso pois logo o conflito do Vietnam se ampliou em uma guerra plena. Em 1965, os
EUA começaram a enviar tropas para a região e dentro de 3 anos, o numero atingiu
meio milhão de soldados.
Enquanto muitas das
reflexões históricas sobre o Vietnam focaram na cobertura da mídia doméstica dos
EUA, a VOA também enfrentou um desafio enorme na manutenção de sua integridade
organizacional. John Daly, um profissional de rádio difusão nomeado diretor da
VOA, enfrentou a "batalha da política contra a objectividade, pois a situação
começou a polarizar a nação". A batalha se estendeu ao congresso como se
pronunciou Charles Joelson, que manifestou a opinião de diversos oficiais do
governo : " A Voz da América é para promulgar a política de nosso governo e se
aquela política está errada, nós devemos alterá-la lá, e não transmitir
declarações em oposição àquela política". No fim, este eventos levaram a VOA a adoptar uma política de divulgação mais cautelosa, especialmente direccionada ao
fim da guerra.
O resultado final da VOA,
RFE e RL, o qual em média alcançava 2000 horas de emissões semanais,
permaneceram relativamente constantes desde 1970 até o início de 1980.
Entretanto, as suas audiências alvo se expandiram a países na África, Índia e
aqueles que formavam o bloco soviético.
Em 1973, o governo americano
estabeleceu o BIB - Board for International Broadcasting - o qual agora financia
abertamente a RFE, RL e outras, através de apropriações anuais ao congresso. Antes do BIB,
ambas organizações eram custeadas pela CIA de forma secreta.
O BIB também trouxe mudanças
na estrutura organizacional da RFE e RL. De acordo com uma entrevista com Malcom
Forbes, o director da agência de 1985 a 1993, " o BIB é uma agência federal
independente, a qual prove uma barreira entre a RFE e RL e os jornalistas. Se
existem reclamações a respeito das emissões, eles devem direcioná-las a nós
através da VOA, eles estão sempre recebendo pressão do Departamento de Estado
para dosar as coberturas e a VOA não tem estas barreias efectivas".
Assim que o presidente Jimmy
Carter assumiu em 1977, ele impôs uma mudança em direção a construir mais o
diálogo com os países comunistas. Em 1978, Carter simbolicamente mudou o nome da Agência de Informações dos EUA para Agência de Comunicações Internacionais e
removeu a placa nos prédios das sedes onde se lia então : "Contando a história da
América", colocando nova ênfase em uma comunicação de duas vias acima da
persuasão de uma via somente.
Em Janeiro de 1981, o
presidente Ronald Reagan assumiu e imediatamente prometeu a necessidade de uma
"política mais forte contra a ideologia comunista e a agressividade soviética".
Charles Wick e Frank Shakespeare, os novos directores nomeados da USICA e do BIB,
respectivamente, encontraram resistência dos gerentes de longa data da VOA, RFE
e RL que se polarizavam com a política de administração de Johnson de "informar
apenas e com pouco esforço de persuasão".
Em um discurso de 1984,
Reagan criticou o apoio as transmissões internacionais das administrações
anteriores:
"Mesmo com os problemas de
equipamentos antiquados e do jamming soviético, a Voz da América tem estendido a
mensagem da verdade ao redor do mundo. Mesmo com anos de negligencia aquela voz
pode ser ouvida mais claramente e por causa disso nossa administração tem feito
o mesmo tipo de comprometimento para modernizar a Voz da América do que Kennedy
fez ao programa espacial."
Durante seus 8 anos de
mandato, Reagen direccionou a modernização global a rádio difusão internacional
nos EUA, o qual incluiu muitos projectos que foram eventualmente completados
depois de sua passagem pela Casa Branca. O impacto do apoio da administração
Reagan a rádio difusão é difícil de ser mensurado, entretanto conforme o
historiador Wood (2000) explicou:
"A Radio Free Europe e Radio
Liberty foram instrumentos da Guerra Fria que se iniciou em 1948. Ninguém
imaginaria que esta guerra iria durar por 40 anos e quando terminou foi de forma
abrupta e inesperada, mas o mais importante de tudo, foi quase sem sangue. Foi
uma guerra travada com palavras, não com balas; e foi paga pelos contribuintes
americanos depois descrito em Washington em Dezembro de 1991, como um dos
melhores investimento jamais feitos pelo governo dos EUA."
Outro historiador -
Puddington (200) - também tenta quantificar o valor da RFE e RL quando ele
afirma:
"É uma infelicidade que a
maioria das histórias da Guerra Fria lidam com a RFE e RL como subproduto, ou
como instrumento de propaganda manipulado pela CIA. De fato, o radio provou ter
sido uma das instituições de maior sucesso no esforço de guerra americano, e
contribuiu de forma importante a natureza pacifica da derrocada do comunismo. O
sucesso deles pode ser medido pelas expressões de gratidão de milhões de
ouvintes, aos quais o rádio geralmente servia com uma voz de esperança e
sanidade em um mundo geralmente sem esperança e insano".
Parque transmissor utilizado pela VOA, RFE e RL com potência total de 1.500
MWatts
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