Transmissão em direto de Ondas de Radio

quinta-feira, 9 de abril de 2015

A Rádio na Guerra Fria

História da Rádio Difusão Internacional até o presente
Desde os eventos de 11 de Setembro de 2001, onde foram lançados diversos ataques as torres gémeas de Nova York e ao Pentágono em Washington, os Estados Unidos parecem ter entrado em uma nova era que perpetua a necessidade de manter suas transmissões de rádio internacionais para realizar propagando de suas políticas, valores e cultura ao resto do mundo. E sua contrapartida actual, aliás, suas diversas contrapartidas como Cuba e agora a Rússia, também reavaliam o papel da rádio difusão internacional com base nos novos arranjos geopolíticos actuais.
Enquanto o fenómeno global da rádio difusão comercial internacional tem uma longa e rica história que remonta desde 1915, nos dias de hoje continuam a ter um papel determinante na estratégia de comunicações usadas por mais de 100 países em diversas regiões ao redor do mundo.
Poderemos verificar de forma resumida uma cronologia da historia da rádio difusão internacional como uso estratégico de comunicações utilizados por diversos países até a Segunda Guerra Mundial e depois no período compreendido como Guerra Fria.




Existem diversas fontes que descrevem de formas não conclusivas o início das transmissões internacionais. Algumas fontes sugerem que a Alemanha pode ter sido o primeiro país a usar transmissões de radio internacional nos idos de 1915, quando estabeleceu então um serviço regular de noticias que foi aceito e usado por múltiplos países neutros na região. Adicionalmente, pesquisadores também apontam o uso inicial de transmissões internacionais de rádio datas de 1917 em seu esforço para "explicar os fatos atrás da revolução" ao resto do mundo. Entretanto, em todas estas pesquisas, as emissões originais eram em Código Morse que eram compreendidos apenas por relativamente poucos.
Estes pesquisadores ressaltam que a visão de Vladimir Lenin que  o rádio tinha o potencial para não apenas alcançar a audiência doméstica na Rússia, mas também para atingir vastas possibilidades internacionais e valor "revolucionário". Lenin alertou seu sucessor Joseph Stalin para ampliar a pesquisa sobre o rádio quando ele escreveu : "Eu penso que sob o ponto de vista da propaganda e agitação, especialmente para aqueles que são iletrados, que é absolutamente necessário para nós levar este plano adiante".
Os Russos foram os primeiros a estabelecer um sistema de rádio difusão internacional patrocinado pelo governo, de forma continua e extensiva, o qual se revelou de tal forma como um sistema de longo alcance onde foi desenvolvido como um meio de obter significativos ganhos políticos e econômicos.
Alguns historiadores apontam o ano de 1927 como o marco do nascimento da propaganda. A Grã Bretanha se uniu a Rússia e Alemanha, quando também descobriu o uso das ondas de rádio como "o perfeito meio de comunicação com suas colônias e possessões nos hemisférios ocidentais e orientais do mundo.
Nos anos que se seguiram, a Holanda também iniciou transmissões regulares em holandês para as Índias Orientais, enquanto a França iniciou emissões para suas colônias. Por volta de 1932, a BBC - British Broadcasting Corporation - e os serviços em holandês para as colônias se desenvolveram em organizações de rádio difusão internacional contemporâneos de grande porte.

BBC 

Já nos Estados Unidos, foram as companhias comerciais que perseguiram o objectivo de ampliar o alcance das transmissões de rádio. A emissora KDKA de Pittsburgh, na Pensilvânia, foi a primeira estação de rádio a transmitir programas de entretenimento, a primeira a transmitir noticias ao público e a primeira a obter licença para tal.
As companhias americanas tais como a Westinghouse e General Eletric montaram estações de rádio primordialmente para promover seus produtos aos consumidores. Estas empresas foram logo seguidas por um grande número de estações de rádio difusão doméstica tais como a NBC - National Broadcasting Corporation - e CBS - Colúmbia Broadcast System - enquanto o o governo dos EUA se colocou à parte de qualquer envolvimento com a rádio difusão internacional.
O historiador Wood (1992) aponta uma dramática mudança na história da rádio difusão internacional que ocorreu em Outubro de 1935. Edward R. Murrow, um jornalista e locutor de notícias da CBS, tentou cobrir um debate de dois segmentos entre a Grã Bretanha e Itália relativo a invasão da Etiópia por Benito Mussolini, uma região de investida de fortes interesses. Na primeira noite, a CBS transmitiu com sucesso a perspectiva Britânica através do Oceano Atlântico através dos transmissores em ondas curtas, durante as quais, propuseram sanções contra os italianos.
Entretanto, a noite seguinte justo quando a delegação italiana iria ao ar na América, Murrow foi informado que a comunicação de ondas curtas através de Londres, controlada então pelo British Post Office - Serviço de Correios Britânico - teve negada a permissão para a transmissão e desconectou o circuito. Isto levou a seguinte manchete, "51 nações votaram por sanções contra a Itália, os Italianos cortaram as transmissões dos Britânicos".
As transmissões de rádio difusão internacional se transformaram assim em armas de efeito considerável em influenciar as mentes dos ouvintes.
Quando Adolf Hitler se tornou Chanceler do Governo Nacional Socialista da Alemanha, ele abraçou o uso da rádio difusão como o instrumento chefe de propaganda política e reorganizou a estrutura de emissões até então domésticas para incluir emissões internacionais. Nos fins de 1935, a Alemanha havia transmitido programas regulares para a Ásia, África, América do Sul e América do Norte, em alemão, inglês, espanhol, português e holandês.
 
A seguinte mensagem foi transmitida em  30 de Outubro de 1917 (12 de Novembro no novo calendário ) através do serviço de telégrafo sem fio com a intenção de alcançar potenciais revolucionários na Europa, assim como os existentes na Rússia de então. Também, as mensagens revolucionárias soviéticas foram as primeira a serem gravadas na história da propaganda sem fio.
"O Congresso dos Sovietes Russos formou um novo Governo Soviético. O Governo de Kerensky foi banido e posto em prisão. O próprio Kerensky escapo. Todas as instituições oficiais estão nas mãos do Governo Soviético...".
Vladimir Lenin, o líder do Partido Comunista naquele período vislumbrou a transmissão de rádio como um método de controle das massas, um prático e mais efectivo meio de comunicação com as pessoas da Rússia, assim como de países estrangeiros. O significado do rádio foi ampliado pelo enorme tamanho da nova federação, pelas condições ruins das estradas, altos níveis de letrados, e pela diversidade de nacionalidades no país. Por causa da extrema importância das comunicações de massa, as estações de rádio foram os primeiros alvos da revolução de 1917.
Em 1917 a voz no rádio ainda não estava disponível, logo as emissões de rádio tinham a limitação de não ter contacto directo com o público. O esquema de comunicações naquele período funcionava como a seguir:
1 - a estação de rádio emitia sinais em código Morse
2 - Então, uma estação de recepção recebia e registava o sinal
3 - Finalmente, a estação de recepção distribuía a mensagem aos jornais, os quais a publicavam para leitura
Desde os primeiros dias da revolução, o governo soviético estava gastando grandes somas de dinheiro no desenvolvimento do rádio. Um número de laboratórios foram construídos para aprimorar as técnicas de transmissão e recepção, e em torno de 1920, um grupo de cientistas soviéticos conseguiram transferir voz humana através das ondas de rádio.
Em 1921, usando a nova tecnologia, uma potente estação de rádio foi montada para transmitir diariamente durante algumas poucas horas. O novo programa era chamado "O Jornal Falado da Agencia de Telégrafos Russa", e apresentava principalmente notícias e material de propaganda.
Devido ao fato dos receptores de rádio ainda serem muito caros e indisponíveis para uso particular, conjuntos de alto falantes foram instalados em lugares públicos de forma a tornar acessível o jornal falado a um número grande de pessoas. Lenin expressou sua visão a respeito destas transmissões de rádio com a seguinte declaração:
"Cada vila deveria ter um rádio! Todo escritório do governo, assim como cada clube ou fábrica deveria ter ciência de que em certa hora eles irão ouvir notícias políticas e os maiores eventos do dia. Desta forma nosso país irá liderar a vida da mais alta consciência política, constantemente sabendo das acções do governo e pontos de vista da população".
Conforme aumentou o uso do rádio, o governo fez o melhor para garantir a autoridade sobre o desenvolvimento do rádio no país. Em 1918 o controle dos recursos do rádio foi transferido para o Comissionario  do Povo para Correios e Telégrafos. Como resultado de tal controle centralizado, a rádio difusão estava muito avançada na União Soviética no século dezanove. Como exemplo, em 1922 Moscou tinha a mais potente estação de rádio difusão do mundo a RV-1, e em 1925 a primeira estação de rádio de ondas curtas iniciou as operações na capital Rússia.

Alguns pesquisadores declaram que muito da actual rádio difusão internacional deriva do que se formou durante a Segunda Guerra.
Preocupado com o sucesso da propaganda Alemão, o governo dos EUA sob a administração de Roosevelt começou a olhar a rádio difusão internacional em 1940. Quando os japoneses bombardearam Pearl Harbor em 7 de Dezembro de 1941, os EUA entraram na Segunda Guerra claramente marcando o deslocamento do uso comercial do meio de comunicação da rádio, até então apenas como forma de fazer dinheiro, para a decisão do Departamento de Estado de iniciar fortemente transmissões de voz internacionais através das ondas de rádio.
Mesmo tendo sido atrasado por diversas razões políticas e forte oposição da industria do rádio comercial e do público em geral, os EUA foram a última potência mundial a participar na rádio difusão internacional. Em 1942, o Escritório da Informação de Guerra foi estabelecido e responsabilizado por diversas atribuições na montagem da divisão de rádio difusão.
Segundo historiadores americanos, ao contrário da técnica de propaganda Alemãs de falsidade e terror, as emissões internacionais foram fundadas em informações confiáveis e sobre um "plano moral mais elevado que a guerra psicológica no rádio que estava em curso na Europa". A política foi estabelecida desde as primeiras palavras irradiadas inicialmente : Este é uma voz falando para você desde a América e nós iremos falar para você sobre a América e a guerra e as noticias podem ser boas ou ruins e nós iremos contar a você a verdade". (VOA - Voice of America - Information Book).
Enquanto em teoria esta nova política de "verdade somente" era novidade até então, na realidade era difícil aderir a isto durante os ataques iniciais da guerra; entretanto as emissões dos EUA ganharam credibilidade quando a "Voz da América" - o nome oficial da emissora que foi desenvolvido a partir da abertura das transmissões - começou a reportar as vitórias dos aliados.


Durante o curso da guerra, a VOA teve que se adaptar aos desafios psicológicos apresentados pela emissões dos inimigos. Em particular, as emissões japonesas especificamente dirigidas aos soldados americanos através das transmissões de "conflito no rádio, actuando primariamente para dividir a América de seus aliados na Ásia e Pacífico, para estimular o desgaste quanto a guerra, a nostalgia, e uma visão pessimista da guerra".
Os japoneses inteligentemente transmitiram "alta qualidade, entretenimento gravado por bandas americanas famosas, introduziram vozes femininas carregadas de sensualismo" como seu objetivo primário de de fazer como que o soldado americano mediano "se sentisse cansado da guerra e da matança". Como resultado, "milhares de combatentes se apaixonaram por uma voz (uma inclusive popularmente identificada como Rosa de Tókio) da qual criaram em suas mentes - uma imagem de suas amadas. O seguinte extracto é de uma destas transmissões : Como você gostaria de ira a drogaria da esquina esta noite, e comprar um sorvete de soda? Eu tenho curiosidade em saber com quem suas esposas e namoradas estão saindo esta noite. Talvez com um trabalhador da industria de guerra fazendo muito dinheiro enquanto você está aí fora lutando e sabendo que não terá sucesso".
Como resposta, o Escritório de Informação de Guerra americano "solicitou auxílio aos relações públicas da indústria e Hollywood", alistando celebridades e iniciou a transmitir entretenimento de primeira linha para as Ilhas do Pacífico assim como para outros teatros de guerra no Oriente Médio e Europa.
Durante a guerra, a VOA cresceu exponencialmente, empregando mais de 3000 pessoas e transmitindo mais de 165 horas por dia em mais de 40 idiomas - "sem dúvida alguma, a rádio difusão internacional se estabeleceu como u braço das operações de guerra americanas". A chegada da VOA marcou o inicio da era na qual o governo dos EUA iria empregar a rádio difusão internacional de forma continua, até os presentes dias.
O BBC World Service foi fundado em 1932 como o Serviço do Império por uma iniciativa de John Reith, o primeiro director geral da BBC. No principio era emitido em ondas curtas a partir de Daventry localizado nas Midlands, e apenas em inglês. A aproximação da Segunda Guerra em 1939 trouxe muitas mudanças. Para contra-balancear a propaganda levada ao ar através do rádio pela Alemanha e Itália, o governo britânico solicitou a BBC a oferta de serviços em árabe e espanhol, e concordou em pagar os custos adicionais requeridos.
Desde o inicio, a aproximação às noticias nos serviços além mar eram para anunciar os fatos, mesmo que a primeira vista se parecessem prejudiciais aos interesses britânicos ou não palatáveis as nações recipientes. Conforme a rádio difusão em idiomas estrangeiros foi crescendo (Frances, alemão e italiano se iniciaram em Setembro de 1938; outros idiomas seguiram em breve), esta política foi central em estabelecer a reputação da BBC de ter a maior credibilidade como emissora internacional. Transmissões em vernacular a outras partes do mundo foram adicionadas, e próximo ao fim da guerra a BBC era de longe a maior das emissoras de rádio difusão do mundo. O governo então reviu o futuro papel e propósito do World Service (ou o BBC External Service como era então chamado) e dentro de um papel político em 1946 o governo concluiu que "dentro do interesse nacional e de forma a manter a influencia britânica e prestigio ao seu redor, é essencial que o serviço continue".


Entretanto, este apoio não foi lastreado com fundos suficientes, resultando em cortes orçamentário extensivos nos fins de 1940 e em 1950. Mesmo existindo acréscimo em emissões para a União Soviética e o Leste Europeu durante a Guerra Fria, as reduções à sua volta significaram que pelos idos de 1960 a BBC havia perdido a sua posição de maior emissora de rádio difusão internacional, sobreposta assim pela União Soviética, China, Estados Unidos e Egipto.
Este período presenciou o inicio da revolução do transístor e o alastramento de receptores de radio capazes de sintonizar emissões em ondas curtas. Também foi o início do processo de descolonização e de emergência  de novas nações, terminando diversos acordos antigos para ré-transmissão de programas da BBC, mas sempre produzindo condições para novas oportunidades. O World Service se adequou as mudanças com novas iniciativas de programas, tais como a criação de serviços em Inglês próximo a hora cheia com grande ênfase em noticias, e com maior foco nas necessidades das pessoas nos países em desenvolvimento, particularmente África e Ásia. O governo proveu os meios para substituir transmissores antigos e construiu novas estações retransmissoras ao redor do mundo. Enquanto o período compreendido entre 1970 e 1980 se provou financeiramente instável, subsequentemente diminuiu o capital de investimento e algum dinheiro adicional foi provido por aprimoramento das programações.
O final da Guerra Fria produziu uma série de tributos a BBC e outras emissoras internacionais por seu papel durante a guerra. Não apenas novos lideres - tais como Lech Walesa da Polônia e Vaclav Havel da Tchecoslováquia - expressaram agradecimentos, mas também, milhares de ouvintes ao longo do mundo.
O colapso da potência soviética também trouxe rearranjo das emissoras internacionais e aos governos que as financiam. Para o BBC World Service isto não foi tão fundamental quanto a outros. Pois este nunca foi visto como forma de propagando ou uma estação de persuasão e sempre direccionou seus programas a países amigos assim como a potenciais adversários. Seu objectivo primordial foi em prover informação acurada e embalsada, reflectindo diferentes pontos de vista, e permitir os ouvintes formarem suas próprias opiniões.
Depois da guerra, o governo americano debateu se iria continuar com as emissões internacionais de rádio. Como resultado, as emissões da VOA foram severamente limitadas e por aproximadamente nove anos, o destino da VOA permaneceu ignorado.
Um argumento chave a favor da manutenção das operações das organizações de rádio ao redor do mundo foi apresentado sobre uma perspectiva técnica. Se terminadas, seria difícil restaurar as facilidades dos parques transmissores e as designações das bandas e frequências de rádio se fosse necessárias reavê-las posteriormente. Mas o factor preponderante em sustentar a VOA, apontava para diversos passos do governo comunismo da União Soviética o qual "tornou cada vez mais claro que não compartilhava a visão americana da colaboração pós-guerra". Estes passos incluíram o estabelecimento por Moscou da Agência de Informação Comunista no Leste Europeu, o qual declarou seu propósito como sendo "unir os estados comunistas em um futuro esforço contra o Imperialismo Anglo-Americano".

Rádio Central de Moscou da União Soviética
Em Fevereiro de 1947, a VOA começou sua primeira, ainda que limitada, emissão para a União Soviética. Nesta época estava claro que o comunismo e o capitalismo estavam em directo confronto. Em 1948, o plano Marshal do presidente Harry Truman, o qual oferecia ajuda a qualquer país que desejasse renunciar ao comunismo, marcou a primeira fase da Guerra Fria. No mesmo ano, o congresso americano aprovou uma lei que incentivou o papel permanente da VOA nas actividades de informação do Departamento de Estado.
Como as tensões entre a União Soviética e o Ocidente continuaram, uma combinação de eventos políticos, incluindo o cerco a Berlim e a tomada de poder dos comunistas na Tchecoslováquia, habilitaram ao governo americano a ampliar os esforços de emissões de rádio.
Em 1950, a Radio Free Europe (RFE) emergiu em Munique, Alemanha, e iniciou suas transmissões para os países do Leste Europeu, como a Polónia, Roménia, Bulgária, Hungria, Albânia e Tchecoslováquia. Diferente da VOA, o Departamento de Estado dos EUA não queria que o governo estivesse "explicitamente identificado com esta iniciativa, entretanto, a administração decidiu ter a CIA - Central Intelligence Agency - como provedora dos fundos secretos e controle político". No ano seguinte, um esforço similar nomeado Radio Liberation, depois abreviado para Radio Liberty (RL), foi lançado para transmitir programas de rádio para a União Soviética.
http://www.rferl.org/ 

Um dos atributos chave para o sucesso da RFE e RL foi a colaboração entre os americanos encarregados da programação e os emigrantes estrangeiros que deixaram os países controlados pelos comunistas. Ambas estações empregaram as habilidades de um grande numero destes emigrantes como comentaristas e debates, utilizando seus conhecimentos em história, artes e religião. Desde o começo de sua existência, a RFE e RL estavam na linha da Guerra Fria e foram consideradas elementos chave na divulgação da contra ofensiva que agrupou todas as fontes disponíveis.
Enquanto isso, a VOA ganhou força e o apoio do governo americano. Em Julho de 1950, a Comissão Consultiva sobre Informações dos EUA declarou em seu relatório ao presidente Truman e o Congresso que, "o esforço de propaganda da União Soviética, agora no limite de um conflito psicológica aberto, é uma grande ameaça aos objectivos da política externa dos EUA e uma ofensiva psicológica pelos EUA baseado na verdade é essencial para os EUA para alcançar o sucesso.
Como resultado, o orçamento da VOA dobrou e foi nomeado Foy Kohler, um oficial do Serviço Estrangeiro com quase 20 anos de experiência e a reputação de um dos maiores conhecedores sobre a União Soviética. No fim de 1950, o seguinte extrato de um pronunciamento de Kohler resumiu os objectivos da VOA:
"A tentativa da propaganda soviética para convencer o mundo que os EUA são fomentadores de guerra, uma nação sedenta por poder, determinada a dominar todas as outras nações, alcançou um ponto onde pode ser apenas descrito como um conflito psicológico agressivo e uma ameaça maior aos objectivos da política externa dos EUA e o papel da VOA neste esforço é u importante por causa da habilidade do rádio de superar as barreiras feitas pelo homem de censura e repressão, e falar directamente as pessoas."

Sob a direcção do presidente americano Dwight Eisenhower, todas as actividades de informações incluindo as emissões internacionais foram transferidas do Departamento de Estado para a recém formada Agência de Informação. Como parte deste deslocamento, as fontes de rádio difusão se tornaram mais escassas e os orçamento cresceram menos, tudo em nome de aprimorar a eficiência.
Também foi durante este período que os militares americanos enfrentaram pela primeira vez as forças comunistas no conflito da Coreia. Entretanto, segundo o historiador Wood (1992)descreveu, "na Guerra Fria existiram papeis reversos: a potencia dos transmissores de rádio se tornaram a maior arma de guerra, e as armas reais foram colocadas ao lado". Cada lado evitou atacar alvos que pudessem levar a escalada da guerra. Adicionalmente, ambos os lados limitaram as armas utilizadas e o território nos quais poderiam lutar. Entretanto, a Coreia do Sul e as tropas americana mesmo assim sofreram mais de 580.000 perdas de vidas, enquanto a Coreia do Norte e as tropas chinesas perderam mais de 1.5 milhões.
Alguns anos mais tarde, conflitos aconteceram no Leste Europeu os quais podem ter sido resultado dos exagerados tons de optimismo e entusiastas da Radio Free Europe sobre uma eventual brisa de ar de mudanças. Em Fevereiro de 1956, Nikita Khruschev, o novo líder da União Soviética, fez um discurso ao Congresso do Partido Comunista onde denunciou muitas das ideologias de Stalin. RFE e RL retransmitiram o discursos ao Leste Europeu o qual levou directamente a levantes na Polónia e Hungria. Estas revoltas demandaram o término de medidas de repressão formalmente utilizadas por Stalin.
Os pólos de forma bem sucedida evitaram o conflito militar direto, porém, as ruas de Budapeste foram tomadas por mais de 200.000 tropas soviéticas e 2.500 tanques os quais resultaram na morte e detenção de milhares de húngaros.

Quando John Kennedy se tornou presidente, ele contratou Edward Murrow como o novo director da Agência de Informações. Murrow, amplamente conhecido por sua precisão e forte habilidades em comunicação, não apenas elevou a rádio difusão internacional à alta prioridade na política externa dos EUA, mas também se concentrou na persuasão e na formação de opinião pública estrangeira para influenciar outras nações.
Durante a rápida passagem de Kennedy pela Casa Branca, a VOA, RFE e RL cada uma recebeu apoio financeiro adicional a ampliaram a abrangência de suas responsabilidades. Foi a influencia de Murrow que levou a expansão dos objectivos da Radio Free Europe.
"Para persuadir sua audiência que o sistema comunista o qual os regulava não está imune a mudanças, que sua prometida vitória mundial não acontecerá, ao contrário, eles como indivíduos, tem uma parte vital e pacifica a executar para acelerar a derrota do movimento comunista mundial".
No inicio de 1960, com a ascensão do líder de Cuba Fidel Castro trouxe o "comunismo" a um passo da América. Como resposta, Kennedy aumentou enormemente as transmissões de rádio em espanhol da VOA para conter o sentimento anti-americano. Entretanto em 1961, a invasão fracassada da Baía dos Porcos não apenas foi uma derrota humilhante da política externa dos EUA, mas também causou danos a credibilidade da VOA e Radio Swan, uma emissora clandestina financiada pela CIA cujo propósito era desacreditar o governo de Fidel Castro.
Um ano depois, a Crise dos Mísseis Cubanos mais uma vez colocou os EUA contra a União Soviética. A administração Kennedy alertou a VOA para direccionar uma rede de estações comerciais em AM para inundar as ondas de rádio de Cuba. Adicionalmente, a VOA com a ajuda da RFE, tornou a posição dos EUA claramente conhecidas através do mundo.

Pronunciamento do Presidente Kennedy declarando o bloqueio naval à Cuba
Depois do término da crise, os EUA e a União Soviética assinaram um tratado limitando o teste de armas nucleares, estabeleceram um diálogo entre a Casa Branca e o Kremlin, e estenderam acordos de trocas culturais, educacionais e científicas. Aparentemente as tensões da Guerra Fria estavam de alguma forma se esvaecendo.
Entretanto, ainda não era o caso pois logo o conflito do Vietnam se ampliou em uma guerra plena. Em 1965, os EUA começaram a enviar tropas para a região e dentro de 3 anos, o numero atingiu meio milhão de soldados.
Enquanto muitas das reflexões históricas sobre o Vietnam focaram na cobertura da mídia doméstica dos EUA, a VOA também enfrentou um desafio enorme na manutenção de sua integridade organizacional. John Daly, um profissional de rádio difusão nomeado diretor da VOA, enfrentou a "batalha da política contra a objectividade, pois a situação começou a polarizar a nação". A batalha se estendeu ao congresso como se pronunciou Charles Joelson, que manifestou a opinião de diversos oficiais do governo : " A Voz da América é para promulgar a política de nosso governo e se aquela política está errada, nós devemos alterá-la lá, e não transmitir declarações em oposição àquela política". No fim, este eventos levaram a VOA a adoptar uma política de divulgação mais cautelosa, especialmente direccionada ao fim da guerra.

O resultado final da VOA, RFE e RL, o qual em média alcançava 2000 horas de emissões semanais, permaneceram relativamente constantes desde 1970 até o início de 1980. Entretanto, as suas audiências alvo se expandiram a países na África, Índia e aqueles que formavam o bloco soviético.
Em 1973, o governo americano estabeleceu o BIB - Board for International Broadcasting - o qual agora financia abertamente a RFE, RL e outras, através de apropriações anuais ao congresso. Antes do BIB, ambas organizações eram custeadas pela CIA de forma secreta.

O BIB também trouxe mudanças na estrutura organizacional da RFE e RL. De acordo com uma entrevista com Malcom Forbes, o director da agência de 1985 a 1993, " o BIB é uma agência federal independente, a qual prove uma barreira entre a RFE e RL e os jornalistas. Se existem reclamações a respeito das emissões, eles devem direcioná-las a nós através da VOA, eles estão sempre recebendo pressão do Departamento de Estado para dosar as coberturas e a VOA não tem estas barreias efectivas".
Assim que o presidente Jimmy Carter assumiu em 1977, ele impôs uma mudança em direção a construir mais o diálogo com os países comunistas. Em 1978, Carter simbolicamente mudou o nome da Agência de Informações dos EUA para Agência de Comunicações Internacionais e removeu a placa nos prédios das sedes onde se lia então : "Contando a história da América", colocando nova ênfase em uma comunicação de duas vias acima da persuasão de uma via somente.
Em Janeiro de 1981, o presidente Ronald Reagan assumiu e imediatamente prometeu a necessidade de uma "política mais forte contra a ideologia comunista e a agressividade soviética". Charles Wick e Frank Shakespeare, os novos directores nomeados da USICA e do BIB, respectivamente, encontraram resistência dos gerentes de longa data da VOA, RFE e RL que se polarizavam com a política de administração de Johnson de "informar apenas e com pouco esforço de persuasão".
Em um discurso de 1984, Reagan criticou o apoio as transmissões internacionais das administrações anteriores:
"Mesmo com os problemas de equipamentos antiquados e do jamming soviético, a Voz da América tem estendido a mensagem da verdade ao redor do mundo. Mesmo com anos de negligencia aquela voz pode ser ouvida mais claramente e por causa disso nossa administração tem feito o mesmo tipo de comprometimento para modernizar a Voz da América do que Kennedy fez ao programa espacial."
Durante seus 8 anos de mandato, Reagen direccionou a modernização global a rádio difusão internacional nos EUA, o qual incluiu muitos projectos que foram eventualmente completados depois de sua passagem pela Casa Branca. O impacto do apoio da administração Reagan a rádio difusão é difícil de ser mensurado, entretanto conforme o historiador Wood (2000) explicou:
"A Radio Free Europe e Radio Liberty foram instrumentos da Guerra Fria que se iniciou em 1948. Ninguém imaginaria que esta guerra iria durar por 40 anos e quando terminou foi de forma abrupta e inesperada, mas o mais importante de tudo, foi quase sem sangue. Foi uma guerra travada com palavras, não com balas; e foi paga pelos contribuintes americanos depois descrito em Washington em Dezembro de 1991, como um dos melhores investimento jamais feitos pelo governo dos EUA."
Outro historiador - Puddington (200) - também tenta quantificar o valor da RFE e RL quando ele afirma:
"É uma infelicidade que a maioria das histórias da Guerra Fria lidam com a RFE e RL como subproduto, ou como instrumento de propaganda manipulado pela CIA. De fato, o radio provou ter sido uma das instituições de maior sucesso no esforço de guerra americano, e contribuiu de forma importante a natureza pacifica da derrocada do comunismo. O sucesso deles pode ser medido pelas expressões de gratidão de milhões de ouvintes, aos quais o rádio geralmente servia com uma voz de esperança e sanidade em um mundo geralmente sem esperança e insano".


Parque transmissor utilizado pela VOA, RFE e RL com potência total de 1.500 MWatts





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